Vieses cognitivos são padrões de pensamento que desviam nossa percepção e julgamento da realidade. São como “atalhos mentais” que nosso cérebro usa para processar informações rapidamente, mas que nem sempre resultam em boas escolhas. Estar consciente de que os vieses cognitivos existem pode ajudar a lidar com eles.
Exemplos comuns de vieses
Viés de Confirmação
Tendemos a procurar, lembrar e interpretar informações de maneira que confirmem nossas crenças preexistentes, ignorando ou descartando ideias contrárias. Um exemplo desse viés é o seguinte: em vez de procurar informações de diferentes fontes para ter uma visão equilibrada, uma pessoa procurou e prestou mais atenção apenas nos estudos que confirmavam a crença que mais lhe agradava, ignorando qualquer evidência que sugerisse o contrário.
Efeito Halo
“A fé exagerada dos pesquisadores no que pode ser aprendido de umas poucas observações relaciona-se estreitamente com o efeito halo, a sensação que muitas vezes temos de conhecer e compreender uma pessoa sobre a qual na verdade sabemos muito pouco” (KAHNEMAN, 2012). Se gostamos de uma marca por uma característica específica, tendemos a atribuir outras qualidades positivas sem analisar objetivamente.
Viés de Disponibilidade
Após ver notícias sobre acidentes de avião, podemos superestimar a frequência desses eventos. Julgamos a probabilidade de um evento com base em exemplos que vêm facilmente à mente.
Um evento dramático aumenta temporariamente a disponibilidade de sua categoria. Um acidente de avião que atrai cobertura da mídia vai alterar temporariamente seus sentimentos sobre a segurança de voar. Depois de alguém ver um carro pegando fogo na beira de uma estrada, acidentes ficam na cabeça durante algum tempo (KAHNEMAN, 2012).
Efeito de Ancoragem
Ao tomar decisões, damos peso desproporcional à primeira informação recebida (âncora). Por exemplo, o preço inicial de um produto pode influenciar nossa percepção de valor, mesmo que existam ofertas melhores.
“Se lhe perguntassem se Gandhi tinha mais do que 114 anos quando morreu, você acabaria com uma estimativa muito mais elevada da idade da morte dele do que teria se a pergunta de ancoragem se referisse à morte com 35 anos” (KAHNEMAN, 2012).
“Se você considera quanto deveria pagar por uma casa, vai ser influenciado pelo preço perguntado. A mesma casa parecerá mais valiosa se o preço fornecido pelo corretor for elevado, não baixo, mesmo que você esteja determinado a resistir à influência desse número; e assim por diante” (KAHNEMAN, 2012).
Referência bibliográfica
KAHNEMAN, D. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Tradução: Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.