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Diferença entre neurose e psicose.

“A neurose não recusa a realidade, apenas não quer saber nada sobre ela; a psicose a recusa e procura substituí-la” (FREUD, 1924/2017). A fantasia é comum na neurose e na psicose comum é o delírio.



Psicose


As síndromes psicóticas caracterizam-se por sintomas típicos como alucinações e delírios, pensamento desorganizado e comportamentos estranhos como fala e risos imotivados (JANZARIK, 2003 apud DALGALARRONDO, 2018, p. 327).


Conforme Dalgalarrondo (2018, p. 327), os sintomas paranoides são muito comuns na psicose, como ideias delirantes e alucinações auditivas de conteúdo persecutório.


Na neurose, uma parte da realidade é evitada por uma espécie de fuga, enquanto na psicose ela é reestruturada (FREUD, 1924/2017).


O delírio e a alucinação tem por consequência a luta travada pelo Eu para se defender de uma dor insuportável (ZOLTY, 2001).


A psicose procura para si as percepções que corresponderiam à nova realidade, o que é alcançado fundamentalmente pela via da alucinação (FREUD, 1924/2017).


Schimid (1991 apud DALGALARRONDO, 2018, p. 327) discorre que, em alguns casos, observa-se uma desorganização profunda da vida mental e do comportamento, de qualidade diversa à que ocorre nos quadros demenciais, no delirium ou nos quadros de retardo mental grave.


Os autores de orientação psicodinâmica tendem a dar ênfase à perda de contato com a realidade como dimensão central da psicose (DALGALARRONDO, 2018, p. 327).


O paciente psicótico, nessa perspectiva, passaria a viver fora da realidade, sem ser regido pelo princípio de realidade e viveria predominantemente sob a égide do princípio do prazer e do narcisismo (DALGALARRONDO, 2018, p. 327).


De acordo com Freud (1924/2017), na neurose, o Eu, dependente da realidade, reprime uma parte do Isso (da vida pulsional), enquanto o mesmo Eu, na psicose, a serviço do Isso, afasta-se de uma parte da realidade.


Pacientes psicóticos tipicamente têm insight prejudicado (precária consciência da doença) em relação aos seus sintomas e à sua condição clínica geral (DANTAS; BANZATO, 2007 apud DALGALARRONDO, 2018, p. 328).


A principal forma de psicose, por sua frequência e sua importância clínica, é certamente a esquizofrenia (TSUANG; STONE; FARAONE, 2000 apud DALGALARRONDO, 2018, p. 328).



Neurose


Dalgalarrondo (2018, p. 319) discorre que no DSM-IV o conceito de neurose foi totalmente suprimido e, em seu lugar, permaneceram transtornos mentais ditos “menores”, tais como os transtornos de ansiedade (sobretudo os transtornos de ansiedade generalizada, de pânico e de estresse pós-traumático), fóbicos, obsessivo-compulsivos, dissociativos, conversivos e de somatização.


Na psicose, a pessoa pode ver uma aranha sem que de fato exista uma, enquanto na neurose a pessoa pode imaginar que há uma aranha em um local sem de fato haver e não entrar lá.


Para Henri Ey (1974 apud DALGALARRONDO, 2018, p. 320), as neuroses são transtornos caracterizados por conflitos intrapsíquicos que inibem e perturbam as condutas sociais. As neuroses produzem antes uma perturbação do equilíbrio interior do sujeito neurótico que uma mudança em seu sistema de realidade.


Nos neuróticos, de modo geral, sobressaem-se as manifestações de uma angústia permanente e de mecanismos de defesa que, em última análise, fracassam na resolução de conflitos (DALGALARRONDO, 2018, p. 320).


Conforme Freud (1924/2017), a neurose consiste nos processos que fornecem uma compensação para a parte prejudicada do Isso, portanto, na reação contra o recalcamento e no fracasso deste.


O afrouxamento do vínculo com a realidade é, então, a consequência desse segundo passo na formação da neurose, e não deveria nos surpreender se o exame detalhado mostrasse que a perda de realidade diz respeito exatamente àquela parte de realidade a partir de cuja exigência ocorreu o recalcamento da pulsão (FREUD, 1924/2017).


Conforme Dalgalarrondo (2018, p. 320), neuroses são dificuldades e conflitos intrapsíquicos e interpessoais que mantêm o sofrimento, a frustração, a angústia, o empobrecimento e a inadequação tanto do Eu como das relações interpessoais.




Referências bibliográficas.


DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.


FREUD, S. (2017e). A perda de realidade na neurose e na psicose. In Freud, S. Neurose, psicose, perversão 1ª ed. Obras incompletas de Sigmund Freud. Tradução de Maria Rita Salzano Moraes. Belo Horizonte: Editora Autêntica. (Obra original publicada em 1924).


ZOLTY, L. (2001). Observações psicanalíticas sobre as psicoses. In Nasio, J.-D. Os grandes casos de psicose (Vera Ribeiro, trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.



Fotos de MART PRODUCTION



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