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Arquétipos e individuação da psicologia analítica.


Este diagrama da imagem é simbólico.


Arquétipos

Os arquétipos "são possibilidades herdadas para representar imagens similares. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam forma" (SILVEIRA, 1981). Silveira enfatiza que não se trata de ideias inatas.


Conforme Feist e Roberts (2015, p. 73), arquétipos são imagens antigas ou arcaicas que derivam do inconsciente coletivo. Eles são similares aos complexos, uma vez que são coleções de imagens associadas carregadas de emoção. O inconsciente coletivo não se refere a ideias herdadas, mas à tendência inata dos humanos a reagir de uma maneira particular sempre que suas experiências estimulam uma tendência de resposta herdada biologicamente.


Uma extensa variedade de símbolos pode ser associada a um dado arquétipo. Por exemplo, o arquétipo materno compreende não somente a mãe de cada indivíduo, mas também todas as figuras de mãe, figuras nutridoras. Isto inclui mulheres em geral, imagens míticas de mulheres e símbolos de apoio e nutrição, como, por exemplo, a mãe Natureza e a igreja. O arquétipo materno inclui não somente aspectos positivos, mas também negativos (FADIMAN e FRAGER, 1986).


A noção de arquétipo, postulando a existência de uma base psíquica comum a todos os humanos, permite compreender porque em lugares e épocas distantes aparecem temas idênticos nos contos de fadas, nos mitos, nos dogmas e ritos das religiões, nas artes, na filosofia, nas produções do inconsciente de um modo geral (SILVEIRA, 1981).


Jung escreveu: “[…] não se deve confundir fantasias mitológicas com ideias hereditárias. Não se trata disso, mas sim de possibilidades inatas de ideias, condições a priori de produzir fantasias, comparáveis talvez às categorias de Kant” (1993, p. 18).


“Essas condições universais decorrentes da estrutura hereditária do cérebro são a causa da semelhança dos símbolos e dos motivos mitológicos — ao surgirem — em toda parte do mundo” (JUNG, 1993, p. 18).


Conforme Jung (1969, p. 67), assim como o nosso corpo é um verdadeiro museu de órgãos, cada um com a sua longa evolução histórica, devemos esperar encontrar também na mente uma organização análoga. Nossa mente não poderia jamais ser um produto sem história, em situação oposta ao corpo em que existe.


“Cada uma das principais estruturas da personalidade são arquétipos, incluindo o ego, a persona, a sombra, anima (nos homens), o animus (nas mulheres) e o self” (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Persona


Apresentamo-nos ao mundo através da persona. É o caráter que assumimos. A persona inclui nossos papéis sociais, o tipo de roupa que usamos e o estilo de expressão pessoal. Uma persona dominante pode abafar o indivíduo e aqueles que se identificam com sua persona tendem a se ver apenas nos termos superficiais de seus papeis sociais e de sua fachada. A persona tem aspectos tanto negativos quanto positivos. Ela serve para proteger o ego e a psique das diversas forças e ações sociais que nos invadem (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Ego


Em nossas vidas conscientes, o ego proporciona-nos um sentido de consistência e direção. Ele tende a se contrapor as coisas que podem ameaçar a frágil consistência da consciência e tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa experiência. Somos levados a acreditar que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconciente (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Self


Jung chamou o self de arquétipo central, arquétipo da ordem e totalidade da personalidade. Conforme Jung, consciente e inconsciente não estão necessariamente em oposição um ao outro, mas complementam-se mutuamente para formar uma totalidade: o self (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Sombra


A sombra é o centro do inconsciente pessoal, o núcleo do material que foi reprimido da consciência. A sombra inclui aquelas tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo sujeito como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Quanto mais forte for nossa persona e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Anima ou animus


Jung postulou uma estrutura inconsciente que representa a parte sexual oposta de cada indivíduo. Ele denominou essa estrutura de anima no homem e animus na mulher. Esta estrutura psíquica básica funciona como ponto de convergência para todo material psíquico que não se adapta à autoimagem consciente de um sujeito como homem ou mulher. Portanto, na medida em que uma mulher define a si mesma em termos femininos, seu animus vai incluir aquelas tendências e experiências dissociadas que ela definiu como masculinas (FADIMAN e FRAGER, 1986).



Individuação


O que busca individuar-se visa a se completar. Conforme Jung, todo indivíduo tem uma tendência para autorealização ou individuação. E para completar-se terá de aceitar o fardo de conviver conscientemente com tendências opostas, inerentes à sua natureza. No processo de individuação, conteúdos inconscientes tornam-se conscientes. Individuação não é sinônimo de perfeição nem de individualismo. O processo de individuação é descrito em imagens nos mitos, contos de fada, nos sonhos, nas diferentes produções do inconsciente.


“Individuação, significa, precisamente, a melhor e mais completa realização das qualidades coletivas do ser humano” (Jung)


O homem apresenta-se mais como os outros esperam que ele seja ou desejaria ser, do que realmente como é. No início do processo de individuação, precisa-se iniciar a revelação da persona. Se, numa certa medida, a persona representa um sistema útil de defesa, poderá acontecer que seja tão excessivamente valorizada a ponto do ego consciente identificar-se com ela. O sujeito então se funde aos seus títulos e cargos, ficando reduzido a uma impermeável casca de revestimento. Quanto mais a persona aderir à pele do ator, tanto mais dolorosa será a operação psicológica para despi-la (SILVEIRA, 1981).


Olhar-se no espelho sem a persona será visto nosso lado escuro onde moram todas as coisas que nos desagradam em nós, ou mesmo que nos assustam. No processo de individuação, torna-se consciente o material da sombra. Lançar luz sobre os recantos escuros tem como resultado o alargamento da consciência. Já não é o outro quem está sempre errado. Descobrimos que frequentemente “a trave" está em nosso próprio olho (SILVEIRA, 1981).


Depois de travar conhecimento com a própria sombra, há a confrontação da anima ou animus. Jung considerava a qualidade da união de opostos feminino e masculino como o principal passo para a individuação.


O desenvolvimento do self é o estágio final do processo de individuação. Conforme Jung, o si mesmo é nossa meta de vida, pois é a mais completa expressão daquela combinação do destino a que nós damos o nome de indivíduo. O self toma-se o novo ponto central da psique. Traz unidade à psique e integra o material consciente e o inconsciente. O ego continua sendo o centro da consciência, mas não é mais visto como o núcleo de toda a personalidade (FADIMAN e FRAGER, 1986).


Referências

FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. Tradução: Odette de Godoy, Camila Pedral Sampaio, Sybil Safdié. São Paulo: HARBRA, 1986.


FEIST, Gregory J.; FEIST, Jess; ROBERTS, Tommy-Ann. Teorias da Personalidade. Trad. Sandra M. M. da Rosa. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.


JUNG, Carl G. Civilização em Transição. Trad. Lúcia M. E. Orth. Petrópolis: Vozes, 1993, vol. X/3.


JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Trad. Maria L. Pinho. 5. ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1964.


SILVEIRA, Nise. Jung: vida e obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.


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